Sempre recordo que a felicidade é um desejo inscrito em nossa alma, uma vontade que não pode ser revogada e que buscamos incessantemente.
“Não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és.”
Esta frase de Santo Agostinho, nos faz refletir sobre a nossa busca de felicidade neste tempo pós-modernos, e porque temos percebido cada vez mais pessoas sofrendo por esta crise de felicidade.
Nossa sociedade tem direcionado seus esforços no “ter” e não no “ser”. Só que mesmo que o ter, cause algum prazer, ele é incapaz de manter uma pessoa feliz, se ela não buscar o “ser”.
Observamos como evoluímos em diversas áreas da ciência e da tecnologia, como somos capazes de proporcionar mais prazeres aos seres humanos, mas não evoluímos na mesma proporção em compreender a alma humana, em proporcionar-lhe a descoberta da felicidade, isto é tão claro quando olhamos para nossos consultórios e as principais causas de afastamento do trabalho, que estão relacionados a transtornos psicológicos. Me recordo daquela frase de Erico Verissimo:
“De que serve construir arranha-céus, se não há mais almas humanas para morar neles?
Voltamos nosso olhar para crescermos e desenvolvermos economicamente, tecnologicamente, cientificamente, e tudo isto é bom. Mas não temos mais tempo para gastar com o ser humano. Ouvimos pouco, escutamos menos ainda, diálogos verdadeiros e desinteressados são mais escassos.
As pessoas vêm e vão numa desenfreada rotina de conquistar o mundo, mas não são capazes de conquistar a si mesmo. Todos podemos ter o mundo na palma de nossa mão, mas não somos capazes de olhar para dentro de nós e responder uma simples pergunta: Quem sou eu? O que estou fazendo neste mundo?
A busca insaciável pelo prazer, se faz explicar, pois quando o prazer é um fim em si mesmo, e não um meio para encontrar a felicidade que está dentro de mim, ele se torna algo que eu quero sempre mais, na triste ilusão que ele será capaz de me fazer feliz, mas o efeito eufórico do prazer passa, e normalmente um gosto amargo ou insosso fica. Com isto não estou dizendo que o prazer é mal, mas que ele é incapaz de fazer alguém feliz sendo um fim nele mesmo.
A grande chave para ser feliz, é deixar de buscar fora de si, uma felicidade que eu só posso encontrar dentro de mim. A grande chave desta felicidade é perceber que ela não é magica, mas é uma conquista. É perceber que a felicidade não é ausência de problemas e dificuldades na vida, mas é encontrar sentido nestes, como meio de aprendizado e crescimento.
Perceber que a verdade nos conduz a sabedoria, e a sabedoria a virtude, e que na virtude de uma vida equilibrada e livre, doamo-nos ao bem do próximo, e que nesta generosidade de vida, encontramos a felicidade.
Este equilíbrio nos faz encontrar sentido a cada momento da vida e valorizar o tempo presente, sem nos prender ao passado que não volta, nem ao futuro que ainda não chegou. Existe um ditado oriental que nos ensina: “Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje. Se quer saber como será o seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje”. Não adianta se prender ao passado, ou se preocupar com o futuro, se você não está vivendo o presente.
Concluo este artigo com uma frase de Willian Blake para você refletir:
“Seja grande. Veja o mundo em um grão de areia. Veja o céu em um campo florido; guarde o infinito na palma da mão e a eternidade em uma hora de vida”
Depois de tudo isto: Você consegue responder se é feliz?
Não desista de sua felicidade, antes lute para conquistá-la, mas sabendo que ela não está fora, mas sim dentro de você.
Marcelo Nogueira